domingo, 13 de novembro de 2016

Peço licença pra me humilhar . Montenegrinos, eu suplico...

Lembranças ainda vivas...
E lá se vão 40 anos.
Depois de desfilar minha inconsequência de Rebelde sem causa, pelas melhores escolas do eixo São Leopoldo/Porto Alegre e montar rosário de reprovações, retornei a Montenegro, Colégio São João Batista, curso noturno, com um único objetivo:
Diploma do segundo grau e partir para o Vestibular.
Parada obrigatória. Limbo.
Pausa para reavaliar.
Prêmio de consolação, por anos desperdiçados.
Vivia espécie de retrocesso. Estar ali, longe de ser meu sonho. Não servia nem como última alternativa.
Representava o fim de uma jornada, nem iniciada.
Foi quando cruzei com ele.
E pensar que  não  lembro  nem do seu nome!!!


Professor substituto, sabe Deus de que matéria.
Chegou chegando, dando a letra, pra uma cambada  de sonolentos, acostumados a babar na carteira, depois de um duro dia de batalha.
Simples, direto, objetivo.
Ignorância na dose certa.

"- Estou aqui  por opção. Não  acho justo impor minha presença, da mesma forma que me nego a aguentar gente, com vontade de sair.
O objetivo de vocês é nota?
O meu é ensinar o pouco que sei e aprender cada vez mais.
Na minha matéria estão todos aprovados.
Quem quiser ir embora, esteja a gosto.
Dispenso ter de aguentar gente dormindo. Aqui não é  hotel."

Metade da classe saiu.
Optei ficar. Decisão certa, sem a menor dúvida.
Cresci décadas num curto espaço de tempo.


Depois da iniciativa, inusitada pra época, passei a analisa-lo atentamente.
Acompanhou pacientemente a debandada. Terminado  o êxodo, fechou a porta, olhou pra meia dúzia ali presente e desabafou.

"- Permitam-me definir os que sairam.
Derrotados. Nasceram pra figuração, sentar na arquibancada e aplaudir os protagonistas.
Quanto a vocês, não sei se alcançarão o sucesso, mas podem se orgulhar, por terem tentado.
Derrota é do jogo.
Triste é desistir de jogar, antes mesmo do apito inicial .


Perguntas se seguiram?
- Voces consideram o ensino e a grade de nossa Escola fracos?
- E Montenegro?
É  o "cu" do mundo, não  tem nada e sonham em viver num lugar melhor?
Ele mesmo respondia, com mais pergutas.
- O que tornam melhores as outras Escolas?
O prédio, a carteira ou o quadro negro?
E as cidades?
Seriam mais evoluídas devido as construções ou  por causa do asfalto, utilizado na pavimentação?
Conclusão óbvia.
A qualidade do lugar depende da sua gente.
Toda vez que desmerecer sua origem, passará atestado de incompetência.

Você é o único responsável pela qualidade da Lavagem, do coxo que o alimenta.


Cristo deixou o exemplo:
Para desavisados ele se deixou humilhar.
No meu entender, foi Gigante.
Bastaria cruzar os braços.
Salvaria sua imagem, mas nada mudaria e cairia no esquecimento.
Isso sim é humilhante.

Se não for Cristão, seja um Ibia.
Deixe de lado o orgulho do preservar a própria imagem e exponha-se ao risco da humilhação de sair do casulo e realmente fazer a diferença.


Ao montenegrino peço licença pra me humilhar.
Suplico!!!
Pare de criticar a Indiazinha do Vale e faça a sua parte, pra torná-la melhor.
Prestigie o que nos pertence.
Faça as compras de Natal em nosso Comércio.
Compre e colecione revistas editadas na Cidade.
Leia os Jornais Nativos.
Sintonize nas rádios locais.
Incentive quem trabalha e investe às margens do Cai.
Empresários, patrocinem novos empreendedores e artistas.

Cidade só se consolida, com a grandeza da Cidadania do seu Cidadão.

Escreva a história. Desvie da mediocridade do apenas ler e zombar de meia dúzia de vírgulas mal colocadas.
Acredite nos seus sonhos. Estude. Trabalhe. Torne-se bem sucedido. Ganhe muito dinheiro.
Alcance o maior dos objetivos.
Morar numa cidade maior, mais moderna e evoluida, sem sair de Montenegro.










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